“Precisamos aproximar as políticas públicas de cultura da sociedade”, declarou Roberta Martins em Encontro de Agentes Territoriais de Cultura

Secretária dos Comitês de Cultura do MinC integrou programação do segundo dia de evento que ocorre na capital do Pará

  • “Precisamos aproximar as políticas públicas de cultura da sociedade”, declarou Roberta Martins em Encontro de Agentes Territoriais de Cultura
    Foto: Pierre Azevedo
    “Precisamos aproximar as políticas públicas de cultura da sociedade”, declarou Roberta Martins em Encontro de Agentes Territoriais de Cultura

    O segundo dia do I Encontro Regional Norte de Agentes Territoriais de Cultura foi marcado por oficinas e rodas de conversa sobre o Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC). Entre os objetivos, compartilhar conhecimentos e aperfeiçoar estratégias de atuação dos comitês e dos agentes nos territórios.

    Nesta quarta (19), a titular da Secretaria dos Comitês de Cultura (SCC) do Ministério da Cultura (MinC), Roberta Martins, participou de uma mesa que reuniu representantes da Pasta e agentes territoriais. 

    “Trouxemos todos os agentes territoriais de cultura da região Norte para discutir, pensar, aprender, ensinar e trocar experiências sobre os seus fazeres culturais nos territórios. Precisamos aproximar as políticas públicas de cultura da sociedade e sobretudo pensar como cada um de nós pode contribuir para melhorar a qualidade e o conhecimento sobre as ações culturais no Brasil”, destacou durante a conversa.

    E completou: “nossos agentes territoriais estão aí no Brasil profundo, e os do Norte ainda mais. Afinal de contas, há lugares em que é preciso percorrer 16 horas de barco para chegar à capital. Nossos agentes estão aí para isso: conhecer, reconhecer e fazer conhecer as culturas desses territórios desse lindo Brasil profundo que a gente tem”.

    Oficinas

    Uma das oficinas realizadas durante o segundo dia de evento  foi sobre Desinformação e Letramento Digital, conduzida por Jader Gama, coordenador de articulação em rede do Laboratório de Cultura Digital (LAB Digital), da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele destacou a importância de orientar os agentes territoriais a utilizarem com segurança e de forma crítica as redes digitais. 

    “A gente precisa compreender como, nessa economia da atenção e nesse capitalismo de vigilância, a cultura tem sido colocada como um dos principais pontos de extração cognitiva e de saberes, especialmente quando falamos de povos quilombolas e indígenas. A proposta do Laboratório de Cultura Digital é construir uma soberania digital baseada na gestão territorial dos povos ancestrais da Amazônia, criando um ambiente onde os dados sejam utilizados de forma soberana e estratégica para os próprios territórios”, explicou.

    Além dos assuntos coordenados pelo LAB Digital, os Comitês de Cultura também conduziram oficinas sobre  Artivismo Cultural na Produção de Conteúdos e Criação de Portfólios, e Elaboração de Projetos e Atuação em Rede na Perspectiva do PNCC. 

    Pablo Sena, agente territorial de cultura de Macapá (AP), destacou a importância desses momentos de formação.

    “Acredito que a educação e a cultura de fato se complementam. E especificamente sobre as oficinas que eu participei, que trouxe uma visão decolonial de pensar os meios de comunicação e as plataformas digitais, mostrou como  fortalecer iniciativas tecnológicas pensadas a partir do nosso território. Em se tratando da região amazônica, temos um conjunto de tecnologias que podem ser capazes de solucionar os nossos próprios problemas”, declarou.

    Poesia e História

    Os agentes territoriais também tiveram a oportunidade de acompanhar a conferência Saberes Amazônicos: Ancestralidade, Ambiente e Territorialidades, ministrada pelo professor Agenor Sarraf. A partir de um poema de Dalcídio Jurandir, escritor paraense nascido em Ponta de Pedras, no Marajó, o historiador trouxe uma abordagem sobre as interconexões entre cultura, meio ambiente e identidade na Amazônia. 

    Para ele, intelectuais e ativistas amazônidas vêm em um movimento que busca discutir as problemáticas e as potencialidades da região de forma a valorizar a diversidade cultural. 

    “Esses movimentos permitem que indígenas, quilombolas, pajés e mães de santo acessem as universidades, mestrados, doutorados. Vivemos um outro momento e por isso precisamos pensar”, avaliou.

    Cultura e tradição

    No encerramento das atividades do dia, uma roda de Carimbó reuniu mestras e mestres da cultura para celebrar as tradições amazônicas, promovendo um momento de integração entre os participantes do evento. 

    O show foi comandado por Mestra Nazaré do Ó, Mestre Jaci, Mestre Nego Ray, Mestre Thomaz Cruz com participação de Priscila Cobra, Yuri Moreno e Silvio Barbosa do Movimento de Carimbó de Icoaraci.

    O I Encontro Regional Norte de Agentes Territoriais de Cultura é uma realização do MinC em parceria com o Instituto Federal do Pará (IFPA). O evento ocorre em Belém (PA) até o dia 20 de março.